terça-feira, 15 de março de 2016

Termina período de contribuições à Base Nacional Comum


A consulta pública sobre a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), documento que servirá como base para a construção do currículo de cada rede de ensino do País, termina hoje (15). Nos seis meses em que ficou aberto para contribuições o Portal da Base recebeu cerca de 11 milhões de sugestões e críticas, feitas por quase 300 mil usuários cadastrados.

A Universidade de Brasília (UnB) é a responsável pela sistematização das contribuições feitas desde setembro de 2015. O site esteve aberto à participação de qualquer pessoa, escola ou organização. Todas as colaborações estão publicadas no portal e têm acesso livre.

Thérèse Hofmann Gatti Rodrigues da Costa, decana da UnB, coordena o grupo responsável pela sistematização das contribuições e afirma que “a missão da universidade é garantir que toda e qualquer sugestão seja avaliada, considerada e computada”. O processo já está em andamento desde meados de dezembro do ano passado, quando foi feita uma primeira avaliação dos dados já postados até aquele período.

Os relatórios de sistematização produzidos pela UnB vão conter todas as estatísticas de colaboração e uma categorização das sugestões. O resultado será enviado aos 116 especialistas que redigiram a versão preliminar do documento. “Eles vão analisar no contexto do ano, da série, da sequência de objetos o que significa cada dado”, explica.

Para computar e analisar esse grande volume de sugestões, a UnB conta com equipe de 40 pessoas. Thérèse assegura: “todas as colaborações cadastradas no portal serão consideradas”.
A análise qualitativa, também realizada pela universidade, vai categorizar cada um dos comentários. Segundo a professora, para a realizar esse procedimento, computadores auxiliam na organização das informações, “mas quem lê as frases e seleciona a categoria são pessoas”.

Análise 
As contribuições por meio do portal da Base puderam ser realizadas para cada objetivo de aprendizagem e também para os textos introdutórios de cada área. O usuário cadastrado teve a opção de concordar ou não com o que estivesse proposto e, caso discordasse, havia a possiblidade de apresentar, por escrito, um novo texto.

Se o leitor se opôs ao enunciado e apresentou uma proposta de modificação, o comentário será classificado numa das categorias de análise. “Caso a pessoa escreva: ‘eu acho que esse objetivo que está no primeiro ano deveria ir para o terceiro ano do Ensino Fundamental’, esse comentário recebe a classificação de 'sugestão de mudança de etapa da base’”, explica.
Essa categorização contempla todas as alterações possíveis no texto preliminar. “Se a proposta está certa ou errada, não questionamos, isso faz parte da atuação dos especialistas, visto que quem está categorizando as contribuições não é especificamente das áreas”, ressalta. Após a classificação, um grupo de professores faz a validação desse trabalho, como se fosse uma auditoria.

Para Thérèse, é um privilégio a UnB colaborar com o processo. “É uma maneira inédita de você ter uma contribuição popular, nacional e qualificada”, afirma. A professora também sustenta a importância de a construção da BNCC ser transparente. “Temos o dever de mostrar todo o percurso, isso faz parte da seriedade do trabalho que vai dar base para os estados e municípios construírem os seus currículos escolares”.

Próximos passos
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), com a final da consulta pública, os dados e relatórios feitos a partir das contribuições, bem como os pareceres dos leitores críticos convidados pelo MEC, serão enviados aos 116 especialistas para que eles escrevem uma segunda versão do texto. Essa versão será debatida em encontros regionais em todos os estados da União e no Distrito Federal, permitindo que todas as secretarias da Educação municipais e estaduais façam suas críticas.

Após esse processo, haverá uma terceira atualização do documento – levando em conta o que foi acrescentado pelas reuniões estaduais. Essa versão será encaminhada, em junho, para o Conselho Nacional de Educação (CNE). Conforme informações do MEC, nessa etapa será analisado se o texto está de acordo com a Lei de Diretrizes Básicas, com a Constituição e se a base irá contribuir para a melhoria da Educação brasileira. A tramitação no CNE não tem prazo determinado. É possível que o conselho realiza novas audiências com especialistas, para chegar a uma análise definitiva.

http://www.todospelaeducacao.org.br/reportagens-tpe/37373/termina-periodo-de-contribuicoes-a-base-nacional-comum/

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